A gente vive num mundo onde o consumo é lei. Somos bombardeados o dia inteiro com propagandas na televisão, nos rádios, nos jornais, no nosso celular, nos carros de som e em tudo que possa servir como outdoor ou veículo dessa disputa inconsciente pela atenção dos consumidores. Todos cantam o mesmo mantra: “continue a comprar”.

Mas você já parou pra pensar por que é assim?

Essa cultura consumista e acumuladora tem origem na forma como a política, a economia e os governos funcionam. Eu vou te explicar.

Como funciona a roda do consumo

Até o início dos anos 70, a moeda de reserva de valor global, o dólar, era lastreada no ouro. Com o fim do padrão ouro, em 1971, pelo ex-presidente americano Richard Nixon, o dólar perdeu seu lastro e consequentemente todas as moedas globais também perderam. Hoje nenhuma moeda governamental tem lastro em um ativo que funcione como reserva de valor no longo prazo. Em outras palavras, o valor da moeda é apoiado no gogó dos políticos.

Isso significa que os Bancos Centrais emitem moeda sem lastro há mais de quarenta anos! Imprimir dinheiro é sempre a opção mais fácil quando uma crise financeira surge no horizonte. O que pouco se fala é das consequências disso:

  1. crises cada vez maiores
  2. aumento da desigualdade
  3. enfraquecimento da moeda e
  4. aumento da inflação

Para que os Bancos Centrais sigam expandindo seus balanços, o consumo precisa se manter a todo vapor. Somos estimulados a consumir constantemente conforme mais liquidez é injetada. Como resultado o nosso dinheiro se desvaloriza, se torna descartável. Uma nota de cem reais, por exemplo,  não enche mais o carrinho do supermercado como fazia há dez anos atrás.

Frear o consumo é a chave para expor a fragilidade da engenharia financeira aplicada pelos Bancos Centrais do mundo todo.

A roda dos ratos nos investimentos

Para compensar o derretimento do dinheiro fiat a gente precisa investir em ativos que valorizem mais rápido que a inflação ou que sejam resistentes à ela. Pra isso educadores financeiros ensinam a diversificar em renda fixa e renda variável, mas se olharmos de forma analítica, esses ativos estão correlacionados à uma moeda fraca e de nada adianta termos uma carteira mega diversificada se com o tempo estaremos empobrecendo da mesma forma.

Então investir em ativos tradicionais passa a não ser mais o suficiente. A gente começa a investir no exterior, em ativos dolarizados. Mas e se essa espiral inflacionária afetar o dólar… a qual moeda recorrer? É preciso ter ativos resistentes a todo esse processo de destruição do valor.

O ouro já foi esse ativo não correlacionado, mas os Bancos Centrais também conseguem manipular o valor do ouro.

É aí que entra o movimento minimalista

Minimalismo é um estilo de vida que busca retirar todo o ruído, tudo o que não é importante, mas que igual nos desgasta, para focar só no que é essencial e faz de fato diferença na nossa vida prática.

A gente vive num mundo de excessos. É tanta obrigação e informação que é um desgaste filtrar o que importa e o que não importa. Viramos consumistas compulsivos, suamos frio com a palavra “promoção”, compramos tudo parcelado com dinheiro que ainda não temos, estamos entupidos de boletos e acumulamos tralhas no armário porque fomos condicionados a ter esse tipo de comportamento.

Por isso muitas pessoas resolvem viver uma vida minimalista, com menos coisas e obrigações, gastando energia só com o que faz diferença. Essa mudança traz mais clareza mental e qualidade de vida. O famoso menos é mais.

Porém, não consumir hoje em dia é quase como um desaforo. Falar em queda de consumo dá calafrios nos donos das impressoras. Viver de forma minimalista é uma afronta a todo o sistema econômico global, teatralmente montado para o “ter” e nos deixar presos nessa roda do empobrecimento.

Bitcoin é o dinheiro minimalista

Bitcoin surgiu em 2009 e pode ser considerado a contracultura do consumismo. Bitcoin faz você repensar seu padrão de consumo, gastar menos e de forma mais consciente. É uma mudança total de mentalidade.

Bitcoin é dinheiro minimalista pois a sua essência é focada na qualidade das moedas criadas e não na quantidade. Mecanismos como proof of work, blockchain e carimbos de data (timestamp) garantem segurança, consenso, transparência, resistência a fraudes, descentralização, imutabilidade e sincronização em tempo real da rede globalmente.

O valor do bitcoin reside na escassez, ou seja, em ser um protocolo que não admite a criação de mais unidades monetárias a gosto do freguês e, ao mesmo tempo, não pode ser controlado ninguém. Ele trouxe novos conceitos para o mercado financeiro apoiados na física, na matemática e na computação. Ao mesmo tempo obedece e aprimora os fundamentos de valor outrora só atribuídos ao ouro.

Sendo um protocolo eficiente e enxuto, o bitcoin traz de volta valores esquecidos pelo mercado. É profundo e simples, ou seja, o mínimo que um sistema financeiro precisa ter: valor incorruptível.

Justamente por isso que o ativo tem se valorizado tanto. O mundo está despertando para essa nova forma de dinheiro que traz digitalmente características milenares do ouro como dinheiro: escassez, durabilidade, divisibilidade, verificabilidade, utilidade e resistência à falsificação.

Até então, a manipulação das moedas era uma constante na economia global. E pessoas com menos acesso a ativos financeiros são as que mais sofrem com a inflação provocada pelos Bancos Centrais. Bitcoin trouxe de volta a confiança que tínhamos séculos atrás na capacidade do ouro manter valor, de que o nosso suor empregado no trabalho será conservado em vez de simplesmente derreter.

Olhando em retrospecto, a confiança no valor do ouro era tamanha que as pessoas inclusive enterravam moedas e barras de ouro acreditando que no futuro aquele tesouro ainda seria amplamente aceito como valioso. Em contrapartida, quando guardamos moedas governamentais, somos punidos com a deterioração do poder de compra. Numa linha parecida com o ouro, quando guardamos bitcoins, somos premiados com valorização parabólica e com autonomia financeira.

Existe uma crença coletiva que prega que o bitcoin mudou nesses últimos 13 anos. Mas, a mais pura verdade é que quem mudou foram as pessoas. Evoluímos nossa consciência sobre o dinheiro, sobre o poder das redes e sobre como criar mais valor com menos desperdício de tempo e energia.

Bitcoin é dinheiro deflacionário que se valoriza enquanto todas as outras moedas se desvalorizam. Acaba com a necessidade de uma engrenagem financeira super complexa porque faz o básico muito bem feito focando em conservar valor.

Já as moedas fiduciárias, emitidas por governos, caminham na direção da autodestruição. Quanto mais moedas em circulação, menos valor cada unidade tem. Isso representa uma forma cruel de deteriorar o seu poder de compra e, consequentemente, o valor do seu trabalho.

Por fim, o bitcoin é minimalista pois, num futuro não tão distante, ele poderá se tornar a única moeda que preserva valor no tempo. Em outras palavras, será a única que realmente valerá a pena manter para a preservação do seu patrimônio.

Bitcoin é dinheiro minimalista pois não precisa compensar a sua perda de valor com outros ativos, ele por si só cumpre com o que se propõe e se basta.

Menos fiat e mais bitcoin é a porta para um mundo muito mais abundante.

Abraços,
Carol Souza

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Carol Souza

Carol é uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil. Ela participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo.

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