Bitcoin a 1 milhão de dólares? Bem, esse é o palpite de Samson Mow, ex-diretor de estratégia da Blockstream e fundador da Jan3, que ajuda países e nações a adotar o Bitcoin, tendo também recentemente lançado a Aqua Bitcoin Wallet.

Samson transita tanto no meio de empresas voltadas para o Bitcoin e mineração, quanto tem contato com governos que querem incentivar economias mais livres em seus países através do Bitcoin.

Além disso, ele também comentou sobre a subida parabólica do Bitcoin no podcast What Bitcoin Did e cravou a previsão de preço dele para 2024 ou, no máximo, 2025, ou seja, no ano que vem.

Será que ele sabe de algo que nós não sabemos? Será que teremos um Bitcoin a 1 milhão de dólares?

Como o Bitcoin pode chegar em 1 milhão de dólares?

Para que o Bitcoin chegue a 1 milhão de dólares, ou 5 milhões de reais, seria necessário um salto de mais de 1.285% em relação ao preço atual, que é de aproximadamente 69 mil dólares.

Entretanto, não é nada que o Bitcoin já não tenha feito.

De março de 2020 até a ATH em 2021, o Bitcoin fez mais de 1000%. Portanto, seria basicamente fazer esse movimento novamente.

E o Samson tem uma explicação nada inédita sobre essa expectativa: oferta e demanda.

ETFs de Bitcoin

Com o 4º halving do Bitcoin reduzindo a oferta e mais as empresas oferecendo ETFs de Bitcoin comprando volumes enormes diariamente, tudo isso pode fazer com que o Bitcoin realize esse movimento.

Só os ETFs, como a Blackrock, estão comprando cerca de 22.000 BTC todos os dias. Isso quer dizer que a demanda é aproximadamente 10 vezes maior do que a oferta atual de Bitcoin, que é minerado por mês, e com o halving essa relação vai para 20 vezes a oferta.

Portanto, o preço deve reagir de acordo com a grande demanda e a redução da oferta.

Mas, nem tudo são flores.

De acordo com Samson, o Bitcoin geralmente faz o que a maioria menos espera e da maneira mais perturbadora. Afinal, nem todo mundo está acreditando nesse palpite de 1 milhão de dólares por Bitcoin em um tempo tão curto.

Além disso, ainda segundo ele, se o Bitcoin chegar a 1 milhão de dólares nos próximos meses, isso causaria dor máxima!

Mas, o que seria essa dor máxima?

Bem, segundo ele, nem todas as empresas conseguiriam absorver a demanda, o que atrapalharia todos os planos. Ou seja, todas as empresas voltadas para o Bitcoin ficariam sobrecarregadas. Assim, seria uma dor máxima para as empresas, uma dor boa, mas exaustiva.

O segundo ponto é que todos os modelos de preço quebrariam, bem como o Stock-to-Flow, Rainbow chart, etc, exceto o stock to fomo, que é um gráfico de hiperbitcoinização.

Portanto, seria dor máxima para quem segue modelos que podem falhar em algum momento.

Outra ‘ressalva’ é que o Bitcoin a 1 milhão de dólares também afetaria a rede Lightning. Isso resultaria em taxas altas para abrir e fechar canais, o que representaria uma grande dificuldade para os novos usuários em custodiar seus próprios canais.

UTXOs

Outro aspecto super importante a ser considerado é que UTXOs muito pequenos ficariam bloqueados nas wallets. Assim, não haveria tempo suficiente para os hodlers consolidarem seus UTXOs, que são pequenas quantidades de Bitcoin em que a taxa para movimentá-los é muito maior do que o valor acumulado.

Portanto, a consolidação de UTXO passa a ser crucial a partir de agora, enquanto as taxas ainda estão baixas em comparação com o que podem alcançar.

Perca de oportunidade e sistema financeiro

E, além disso, o Bitcoin atingindo 1 milhão de dólares significaria que a maioria da população teria perdido novamente a oportunidade de comprar Bitcoin antes de um movimento como esse. Isso teria feito uma diferença enorme na vida de muitas pessoas. Logo, seria uma grande frustração para aqueles que por mais de 15 anos menosprezaram o Bitcoin.

Por último, seria uma dor extrema para o sistema financeiro fiduciário, que precisaria se reorganizar rapidamente em torno do Bitcoin como uma nova base monetária.

As empresas teriam que ser capazes de aceitar pagamentos através da Lightning Network e teriam que converter rapidamente suas reservas de caixa em Bitcoin, mas nenhuma delas está remotamente pronta para isso.

Tuíte de Samson Mow sobre o Efeito Veblen e o Bitcoin a 1 milhão de dólares

Quando questionado sobre a origem desse capital para o Bitcoin, se as instituições abandonariam os títulos de longo prazo dos EUA e as ações da Apple e Tesla, e se não haveria dinheiro suficiente para fazer o Bitcoin subir para 1 milhão de dólares, Samson respondeu o seguinte:

“Não é preciso muito. Há o efeito de multiplicação e o efeito de Veblen.”

Bora entender o que é isso?

O que é o efeito multiplicador do Bitcoin?

O efeito multiplicador do Bitcoin significa que pequenas mudanças na oferta e demanda podem causar grandes variações no preço da moeda.

Assim, o efeito multiplicador significa que o Bitcoin não precisa necessariamente de um trilhão de dólares sendo direcionados para ele para aumentar a capitalização de mercado em um trilhão de dólares. O que importa são os preços de negociação que determinam o valor de mercado do Bitcoin.

Afinal, o valor de mercado é simplesmente o último preço de negociação multiplicado pelo número de moedas existentes. E o último preço é determinado pelo comprador e pelo vendedor envolvidos na negociação.

Portanto, isso acontece da seguinte forma: suponhamos que haja muitos Bitcoins à venda por 70 mil dólares e, em seguida, o próximo patamar de preço seja apenas em 100 mil dólares, sem que não tenha ninguém disposto a vender por 80 mil dólares.

Sendo assim, o que acontece é que, se a demanda aumentar e não houver muitas pessoas querendo vender Bitcoin a 80 e 90 mil dólares, ele continuará subindo até atingir os 100 mil dólares. Logo, se houver uma pessoa querendo vender e outra querendo comprar nesse patamar, é até lá que o preço será determinado.

Então, o preço do Bitcoin é determinado pela oferta e demanda: quem está disposto a vender e a que preço, e quantas pessoas estão interessadas em comprar, até mesmo a preços mais altos porque acreditam que o valor pode continuar aumentando.

O Bitcoin é único por ter hodlers extremamente fortes, que não vendem seus ativos mesmo quando o Bitcoin atinge US$ 100.000.

Isso significa que para o Bitcoin dobrar ou triplicar de valor, não é necessário que trilhões de dólares entrem no Bitcoin, apenas pessoas ou instituições dispostas a pagar preços mais altos.

Obviamente, na prática, isso nem sempre acontece porque o Bitcoin é extremamente líquido e sempre há especuladores e vendedores em todos os níveis de preço. Entretanto, essa é uma simplificação do processo para facilitar o seu entendimento sobre o efeito multiplicador do Bitcoin.

E nas Bull Runs?

Nas bull runs, frequentemente o Bitcoin ultrapassa rapidamente alguns patamares de preço devido a essa dinâmica. Isso ocorre especialmente quando o Bitcoin sobe significativamente, visto que muitas posições short, que apostam na queda do preço, são abertas e, se o Bitcoin continua subindo, essas posições são liquidadas, jogando ainda mais o preço do Bitcoin para cima.

Além disso, o Bitcoin tem uma oferta limitada. Portanto, se o preço aumenta, não há como criar mais Bitcoins, ao contrário de ações ou commodities, onde, se o preço disparar, é possível emitir mais ações ou produzir mais commodities para atender à demanda.

No Bitcoin, a única maneira de satisfazer a demanda é através do aumento do preço. Agora você consegue entender por que valores tão altos como 1 milhão são alcançáveis?

Essa subida parabólica do Bitcoin durante as bull runs tem um efeito multiplicador nos portfólios dos investidores. Essa multiplicação atrai ainda mais atenção e demanda, criando um ciclo virtuoso de valorização até que um novo patamar de preço seja alcançado.

E é aí que entra o segundo efeito que o Samson citou em seu tuíte: o efeito de Veblen. 

O que é o efeito de Veblen?

O efeito de Veblen é a tendência de um produto se tornar mais desejável à medida que seu preço aumenta, onde o valor alto aumenta o status do produto.

Dito isso, o efeito de Veblen é bem conhecido no mercado de luxo, onde quanto mais caro um produto, mais atrativo ele se torna. Assim, quando o Bitcoin passa dos patamares de milhares para milhões de dólares, ele ativa o efeito de Veblen, aumentando ainda mais a demanda de certos grupos específicos de pessoas, aqueles que compram apenas para ostentar.

Isso já acontece em algum certo nível durante as bull runs, mas ainda não atingiu o público institucional e os milionários mais conservadores. Entretanto, se o Bitcoin se valorizar ainda mais, esses grupos começarão a se interessar ainda mais pelo Bitcoin, porque agora ele é visto como algo valioso.

Normalmente, quando os preços sobem, a demanda diminui e uma nova descoberta de preços acontece. O Bitcoin pode passar quase dois anos em baixa até o próximo halving. No entanto, o efeito de Veblen pode manter e levar ele a patamares ainda mais altos que os atuais.

Veja que isso já ocorre com produtos como sapatos que custam 50 mil reais, bolsas de 200 mil reais, jóias, vestidos, carros, entre outros. A partir da valorização, o Bitcoin pode começar a ser visto como um ‘must-have’ na carteira dos ultra-ricos apenas para que eles não se sintam excluídos, fora da festa, e essa galera não vai se importar em pagar um preço mais alto por isso.

Hoje, existem 59 milhões de milionários no mundo, e não há um Bitcoin inteiro para cada um deles. Agora, imagine bilionários, instituições como a BlackRock e governos lutando pelo Bitcoin.

Percebe como a demanda é gigantesca para algo tão escasso e revolucionário?

É por isso que pensar em um Bitcoin a 1 milhão de doláres pode até parecer absurdo e distante agora, mas o mesmo foi pensado quadno o Bitcoin valia 50 mil dólares, 10 mil dólares, mil dólares e cem dólares.

Hoje, todas essas marcas são coisas do passado, e o Bitcoin continua a ganhar valor à medida que as moedas fiat perdem valor, e se derretem.

É por isso que um Bitcoin valendo 1 milhão de dólares é apenas uma questão de tempo. Pode ser no próximo ciclo ou no seguinte, mas o importante é estar preparado quando chegar o momento!

Até a próxima e opt out.

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Carol Souza

Carol é uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil. Ela participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo.

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