Você já pensou em diversificar em criptomoedas? Muitas pessoas começam a vida trabalhando, buscando formas de garantir um futuro melhor por meio de investimentos tradicionais, como títulos, ações e fundos. Logo, descobrem o bitcoin e as criptomoedas como uma nova classe de ativos para diversificar o portfólio.

Instintivamente, o investidor compra Bitcoin e diversas outras criptomoedas com o intuito de diversificar; afinal, diversificação significa não colocar todos os ovos na mesma cesta. Essa é uma medida de proteção comum em investimentos tradicionais de renda fixa e variável. No entanto, o que poucos sabem é que, quando se trata de bitcoin e criptomoedas, a diversificação pode ser um grande erro.

Neste artigo, vamos explicar por quê; no entanto, antes, é necessário retroceder alguns passos e revisitar o conceito de diversificação.

O que é diversificação de portfólio?

Diversificar um portfólio refere-se à prática de distribuir investimentos entre diferentes classes de ativos, como:

  • ações,
  • títulos,
  • commodities,
  • imóveis,
  • entre outros.

Em vez de alocar todos os seus recursos em uma única cesta, você os distribui por várias, reduzindo o impacto caso uma delas não tenha um bom desempenho.

Isso otimiza a relação risco/retorno.

A diversificação não elimina completamente o risco de perdas de investimento, mas é um método amplamente aceito entre educadores e investidores tradicionais para alcançar um equilíbrio entre risco e retorno.

No mercado convencional, onde as dinâmicas econômicas estão em constante mudança, a diversificação age como uma espécie de “seguro”, protegendo os investidores contra imprevistos e volatilidades extremas.

Há muitos anos, educadores financeiros têm aconselhado as pessoas a seguirem o princípio: “Nunca coloque todos os seus ovos em uma única cesta“.

A diversificação faz sentido quando se trata de investimentos tradicionais, devido aos ciclos do mercado, mudanças e a possibilidade de empresas entrarem em falência ou alterarem sua administração.

Diversificar com Bitcoin?

O Bitcoin tem se mostrado um ativo de diversificação necessário na carteira de qualquer investidor, mesmo em proporções pequenas, devido às propriedades exclusivas que ele possui e que nenhuma empresa, título público, commodity ou fundo oferece.

O Bitcoin está se tornando um ativo indispensável no portfólio de qualquer investidor devido à sua natureza global, sua resistência a adversidades, sua descentralização, sua apoliticidade, sua imutabilidade e por ser um novo tipo de ouro digital.

Um estudo da Bloomberg, por exemplo, demonstra a diferença de desempenho entre uma carteira com 5% em bitcoin (em vermelho) e uma carteira tradicional sem bitcoin (em azul).

Observa-se como nos últimos 9 anos (de 2013 a 2022), ter bitcoin na carteira proporcionou um retorno cada vez melhor para aqueles que acumularam bitcoin com foco no longo prazo.

Comparativo dos resultados obtidos por uma carteira com Bitcoin e outra sem

Diversificar em criptomoedas

O estudo que foi mencionado anteriormente destaca a importância de diversificar um portfólio tradicional com bitcoin. No entanto, quando se trata de criptomoedas, a diversificação não deve ser considerada aconselhável.

Muitas vezes, a falha na diversificação ocorre ao tentar aplicar diretamente conceitos de investimento tradicional ao mundo das criptomoedas, algo que nem todos compreendem completamente.

Muitos acreditam que diversificar suas carteiras de criptomoedas oferece o mesmo nível de proteção que a diversificação em ativos convencionais. No entanto, existem nuances essenciais a serem consideradas.

Bitcoin é uma coisa e criptomoedas são outra

O primeiro ponto a destacar é que o Bitcoin é uma entidade distinta das demais criptomoedas.

O Bitcoin é verdadeiramente descentralizado, imutável e tende a se valorizar no longo prazo devido às suas sólidas propriedades monetárias, que não são presentes em nenhum outro ativo no mundo. Ninguém tem a capacidade de alterar, falsificar ou recriar o Bitcoin, o que é uma característica revolucionária e singular.

Já criptomoedas, que não são bitcoin, são empresas que se vendem como protocolos, mudam o tempo todo, são cópias umas das outras e se mantém vivas apenas através promessas do que vão alcançar um dia.

Isso não é diversificar! É trocar seis por meia dúzia e ainda pulverizar seu dinheiro em um monte de ativos onde mal é possível verificar as informações descritas em seus projetos.

Leia também: Vale a pena comprar Altcoins para ter mais Bitcoin?

Atente-se aos príncipios, não em promessas

Desde o início, o Bitcoin foi lançado e operou exatamente como descrito em seu white paper. Em contraste, muitas criptomoedas surgem com promessas de inovação, apresentando um white paper que se assemelha mais a uma proposta de marketing e frequentemente carece de viabilidade técnica.

Muitos investidores não percebem isso, pois avaliar o código de um projeto não é uma tarefa simples para o público em geral. Em diversas situações, o documento não está disponível ou é alterado de forma arbitrária por seus responsáveis.

Para encobrir essas deficiências técnicas e de descentralização, diversos projetos criptográficos optam por criar websites sofisticados que propagam a ideia de descentralização e inúmeras aplicações práticas, quando, na realidade, essas propostas frequentemente não passam de conceitos vagos.

Essa desconexão com a realidade engana até mesmo os investidores experientes em moedas fiat, pois trata-se de um universo novo com sua própria linguagem.

Como as criptomoedas combinam programação com investimentos, os investidores comuns, as pessoas do dia a dia, frequentemente têm dificuldade em avaliar a viabilidade de um projeto para determinar se ele terá sucesso ou é uma fraude ou golpe.

Devido à falta de transparência, compreensão e mecanismos eficazes de responsabilização, muitos projetos se aproveitam para surgir com promessas grandiosas, mas entregam muito pouco. É nesse cenário que observamos uma proliferação de fraudes e tokens que desaparecem no universo cripto.

Em essência, as altcoins são centralizadas e consideravelmente menos seguras que o Bitcoin. Adicionar altcoins ao portfólio com base nos princípios tradicionais de diversificação não necessariamente minimiza riscos ou volatilidade.

Defender a diversificação como uma estratégia de proteção no âmbito cripto pode ser um equívoco grave.

Portfólios diversificados performam pior

Recentemente, muitos fundos e ETFs de criptomoedas surgiram como uma forma de criar portfólios “diversificados“.

Um exemplo é o fundo da Bitwise, que foi disponibilizado para investidores no final de 2020 e é um dos mais antigos nesse campo. Isso nos permite avaliar o desempenho de alocações “diversificadas” em criptomoedas mais promissoras e com maior capitalização de mercado (market cap) durante o ciclo anterior.

O fundo BITW tinha até então uma composição formada por:

  • 60% por bitcoin;
  • Quase 30% em ethereum;
  • Outros 10% distribuídos entre as 8 criptomoedas com maior capitalização de mercado naquela época.

Vale ressaltar que esse fundo passa por um rebalanceamento mensal e os dados que estou compartilhando são referentes ao ano de 2022.

Composição do fundo BITW

Observa-se que o fundo da Bitwise, que era diversificado e equilibrado com as 10 criptomoedas mais valiosas e promissoras, teve um desempenho inferior a ter apenas bitcoin entre o final de 2020 e 2022.

Comparação do resultado do Bitcoin com o fundo Bitwise

No curto prazo, essa diversificação realizada pelo fundo resultou em maior risco e volatilidade para a carteira de ativos.

Importante mencionar que estamos analisando o fundo durante um período de alta do mercado (bull run), quando as altcoins tendem a superar o bitcoin em valorização.

No entanto, o problema ocorre quando o mercado entra em declínio, como aconteceu em meados de 2022 devido a um cenário macroeconômico muito negativo.

Nesse momento, as altcoins costumam sofrer quedas muito mais acentuadas. Muitas delas, de fato, não sobrevivem ao bear market e ficam vulneráveis a falhas técnicas ou esquemas fraudulentos.

Um exemplo disso foi a Terra Luna, uma criptomoeda do top 10, que perdeu seu valor em questão de dias no mesmo ano.

Mas, e no longo prazo?

Diversificar em diferentes criptomoedas não é ruim apenas no curto prazo. Podemos observar a mesma tendência em ciclos anteriores.

Antes de 2020, não havia muitos fundos de criptomoedas disponíveis para análise e comparação. Em vez disso, tínhamos especialistas na mídia propondo “carteiras diversificadas“. Um exemplo disso foi a sugestão da CNBC, onde propuseram uma distribuição de investimento em criptomoedas da seguinte forma:

  • 30% em Bitcoin;
  • 15% Ethereum;
  • 15% em Ethereum Classic;
  • 10% Zcash, 10% monero;
  • 10% Ripple;
  • 5% Metal;
  • 5% Iota.
Portfólio Cripto

Brian Kelly, investidor de criptomoedas da CNBC, foi quem apresentou essa distribuição em 6 de agosto de 2017. Observando o desempenho de cada uma dessas criptomoedas desde então até setembro de 2022, fica evidente que o bitcoin teve a melhor performance em longo prazo.

Brian Kelly e seu portfólio cripto na CNBC

Como você pode ver, ao analisar o desempenho de cada uma das criptomoedas desse portfólio ao longo desse período e compará-lo ao bitcoin, nota-se que o bitcoin teve a melhor performance desde a data em que essa alocação foi sugerida.

Gráfico que mostra como o Bitcoin performou melhor que outros ativos

Isso significa que, se uma pessoa tivesse investido R$ 1.000 em bitcoin ou criptomoedas em agosto de 2017, optando apenas por bitcoin, teria quase R$ 6.000 em setembro de 2022.

No entanto, se essa mesma pessoa tivesse diversificado em outras criptomoedas “promissoras” daquele ciclo, teria aproximadamente R$ 3.877 em setembro de 2022. Ou seja, cerca de 35% a menos do que teria obtido simplesmente investindo em bitcoin e mantendo essa alocação.

A diversificação em outras criptomoedas no longo prazo acabou prejudicando significativamente o desempenho do portfólio “promissor” de 2017.

Efeito Diworsification

O efeito Diworsification é uma combinação de “worse” (piorar em inglês) e “diversification” (diversificação), onde a intenção de diversificar prejudica o portfólio, em vez de protegê-lo ou proporcionar estabilidade.

Na realidade, isso resulta em um custo de oportunidade significativo, uma vez que a pessoa opta por adquirir ativos de qualidade inferior em vez de investir no bitcoin, um ativo sólido e escasso. Essas decisões prejudicam o desempenho do portfólio no longo prazo e reduzem o potencial de retorno.

Efeito Diworsification

A cada novo ciclo, surgem novas altcoins com narrativas atrativas. Muitas delas valorizam durante a alta do mercado do bitcoin e algumas até superam o bitcoin em valorização. No entanto, é fundamental lembrar que poucas altcoins conseguem manter sua posição à medida que o tempo avança.

Conclusão

A diversificação é útil para investidores tradicionais que buscam proteger sua carteira; essa estratégia é viável. Inclusive, o bitcoin é um ativo de diversificação que introduz o elemento descentralizado para equilibrar os ativos centralizados que dominaram por séculos.

Entretanto, quanto à alocação proporcional em bitcoin, essa decisão depende da tolerância à volatilidade e do perfil do investidor.

Por outro lado, diversificar em criptomoedas aumenta o risco da carteira sem oferecer retorno sustentável a longo prazo ou proteção.

As altcoins são altamente arriscadas e especulativas. Assim, é crucial que o investidor esteja ciente disso ao decidir adquirir e incluir essas moedas digitais ou tokens em seu portfólio

Infelizmente, muitas pessoas se deixam seduzir pela promessa de enriquecimento rápido com altcoins, e é nesse ponto que a maioria acaba perdendo dinheiro.

Espero que tenham gostado, não deixe de compartilhar esse artigo e até a próxima!

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