A Lightning Network não é só o futuro do Bitcoin, é o futuro da internet e como a gente vai trocar informação e valor no mundo digital. Só que tem hater catando pêlo em ovo.

Tem uma galera do contra espalhando um monte de bobagem sobre a rede lightning e como aqui na Area Bitcoin a gente tem a missão acabar com FUDs e esclarecer as coisas pra você, a gente resolveu pegar as 5 maiores mentiras que espalham por aí sobre a Lightning e esclarecer cada uma delas.

1. A rede Lightning é centralizada?

O que é a Lightning Network? A rede Lightning nada mais é do que uma segunda camada de códigos de programação que se conecta à blockchain e traz velocidade e menor custo pras operações na rede bitcoin.

Na verdade, a rede lightning se apoia justamente nas regras, na segurança e na descentralização da camada principal. Cada um dos 45 mil nós da rede bitcoin que estão distribuídos ao redor do mundo podem também rodar um node lightning. Então se a rede bitcoin é descentralizada, se apoiar nela com uma estrutura P2P é a forma mais óbvia de seguir descentralizada. É exatamente isso que a rede lightning faz através de mais de 76 mil canais ativos e mais de 5 mil bitcoin provendo liquidez para esses canais.

Lightning Network (Public)

Hoje existem mais de 14 mil nodes de lightning, a grande questão é que esse número é uma suposição, porque pega somente os canais públicos. Vários nodes usam redes anônimas, ou seja, eles são invisíveis de detectar.

Nodes de Lightning

Por isso que provavelmente o número de nodes lightning é ainda maior do que esses 14 mil, assim como também o número de nodes Bitcoin também é maior que os 14 mil nodes que aparecem nos sites de busca como o Bitnodes (foto abaixo). Se estima que hoje existam mais de 45 mil nodes de bitcoin descentralizando a rede, juntando os nodes detectáveis e os não detectáveis.

Reachable Bitcoin Nodes

Redes P2P como bitcoin e lightning se apoiam no fato de que qualquer pessoa pode ter um nó, verificar por conta própria a blockchain e verificar se o consenso da rede está sendo seguido. A blockchain bitcoin é leve, qualquer computador simples pode rodar. Isso é muito diferente de outros protocolos em que baixar a blockchain inteira é extremamente pesado e por isso, acabam recorrendo a data centers e servidores centralizados, como a Amazon, Microsoft ou Google.

E aí alguém pode afirmar que a maior parte dos nodes lightning e canais estão em data centers, e por isso a rede lightning é centralizada. Ou então que os HUBs de lightning, os canais com mais capital, estão centralizando o sistema.

Isso também não é verdade. Se grande parte dos nós usa Tor, como ter certeza que a maior parte dos nodes lightning está em data centers? Esses são apenas os nodes detectáveis. Os nós que usam Tor, e que provavelmente são maioria dos nós pessoais, não estão nessas estatísticas.

Quem afirma que os hubs de canais mais líquidos centralizam a rede, geralmente tira essa conclusão equivocada de imagens como essa:

Capacidade dos Nodes Lightning
Nodes Capacity

A parte em cinza na imagem mostra que 33% dos nodes não estão em data centers. São pessoas comuns, mas claro que se juntarmos toda a proporção de data centers (parte colorida) é maior que a de nodes pessoais. Esses nodes de data centers também são os que tem um volume maior de liquidez, são os nodes mais ricos, com mais bitcoin em seus canais.

Isso mostra que alguns hubs de canais com mais liquidez são os que mais usam data centers. Esses dados refletem uma das críticas comuns a Lightning Network: que ela vai acabar centralizada em alguns grandes nós, o que levaria à criação de hubs de pagamento monopolizantes. Especialmente quando se pensa em exchanges e empresas de pagamento integrando seus serviços na rede. Eles poderiam ter grande liquidez e centralizar as rotas de pagamentos neles.

Vamos dar uma filosofada sobre isso…

Isso até pode acontecer, mas não seria centralizar a rede. A Lightning Network tá apoiada no bitcoin e por mais que entidades cheias de capital comecem a participar, eles não conseguem centralizar o poder de decisão. A entrada de exchanges e forças centralizadoras sempre foi algo previsível. O que importa é que a rede se mantenha resistente à centralização total.

Pra entender isso você precisa relembrar o que significa descentralização e qual que é o risco da centralização. O principal problema da centralização é o monopólio do poder de decisão. Porque quando isso acontece, as mudanças nas regras beneficiam quem controla a estrutura e pode acontecer censura, criação de barreiras de entrada e a limitação de quem pode ou não usar o protocolo. E isso não é possível nem no bitcoin e nem na rede lightning.

Mesmo se entidades começarem a censurar transações, os nodes menores ainda seguirão roteando normalmente as transações. Eles não vão ser afetados porque eles são independentes, porque as regras fundamentais do bitcoin não mudam. Caso entidades centralizadas comecem a se infiltrar na rede e censurar transações, sempre vão ter pessoas comuns que rodam nodes com VPN e TOR e que não vão censurar. Isso é resultado da facilidade de rodar um full node.

Então não existe um único ponto de falha. É pura teoria dos jogos. Nodes independentes, vão receber satoshis por rotear essas operações e os incentivos financeiros vão manter a rede funcionando normalmente, isso significa que mesmo que participantes tentem monopolizar a rede, não tem como evitar que as pessoas escolham seguir outras rotas de pagamento.

Só posso acreditar que quem fala que a rede lightning é centralizada ou não estudou o suficiente a dinâmica de incentivos do bitcoin e da lightning ou quer te vender a narrativa de que outro protocolo é melhor que bitcoin para pagamentos. Os cavaleiros do apocalipse do bitcoin geralmente são defensores de moeda fiat e da centralização ou torcedores de shitcoin.

Aproveito para deixar aqui um vídeo muito interessante que você vai gostar, sobre como a rede Lightning pode acabar com as processadoras de pagamento centralizadas Visa e Master:

2. As carteiras LN não custodiantes não são boas?

Bitcoin e Lightning ainda têm muitos pontos para melhorar em experiência de usuário e interface, mas isso é totalmente normal. No começo a internet também era complicada de usar. Você lembra como era no início? Era pela rede discada, o pagamento dos minutos que você navegava vinha junto na conta do telefone fixo e era caro pra caramba. As novas tecnologias tendem a ter uma curva de aprendizado, não acontece de uma hora para outra. Com o tempo elas vão evoluindo e melhorando.

De qualquer forma, se você tá procurando uma carteira Lightning não custodiante você já pode utilizar a Muun ou a Zap, conectar a Blue Wallet no seu próprio node e canais. Tem várias outras opções surgindo. Por isso, falar que “não existem boas carteiras não custodiais” é mais que um FUD: é preguiça de pesquisar e testar o que já existe.

3. É preciso abrir um canal com todo mundo que for negociar?

Canais fazem parte do funcionamento básico da rede Lightning, mas seria completamente inviável se a gente precisasse abrir um canal com todo mundo que a gente quisesse enviar bitcoin. Felizmente, não é assim que funciona.

Vamos imaginar, por exemplo, que eu quero pagar 100 satoshis pro Pedro, mas eu não tenho um canal aberto com ele. Mas eu tenho um canal aberto com a Carol, e ela tem um canal aberto com o Pedro. Eu posso pedir pra carol fazer a ponte e enviar o pagamento pro pedro pra mim. Em troca eu dou uns satoshis pra carol por fazer essa ponte:

Exemplicação das trocas de satoshis

É assim que funciona o roteamento de transações em lightning. Eu não preciso necessariamente ter um canal aberto com meu destinatário final, eu só preciso me conectar a outros canais que tenham essas conexões.

Agora é só trocar Carol, Kaká e Pedro por todas as pessoas e empresas que desejam usar Lightning e você terá um mapa como esse aqui, em que vários canais estão disponíveis. Assim, a gente consegue enviar bitcoin para qualquer pessoa do mundo, sem precisar abrir um canal com cada uma delas.

Utilização Lightning no mundo

4. Lightning vai tirar a segurança da blockchain do Bitcoin ao diminuir as taxas?

Esse mito se apoia em um fato real, de que quanto maior a quantidade de transações Lightning, maior a tendência das transações on-chain ficarem mais baratas, porque a rede vai ficar menos congestionada. As taxas menores fariam com que os mineradores perdessem os incentivos, porque eles receberiam menos bitcoin.

Bom, mas não é simples assim. Se a rede lightning vai ser mais usada isso quer dizer que mais canais de lightning serão abertos, demandando também de processamento da camada blockchain para abrir esses canais. O crescimento de lightning não tira demanda do bitcoin, pelo contrário, acomoda de forma ainda mais inteligente usando o mesmo poder computacional da rede.

Lightning resolve o trilema das blockchains em que segurança, escalabilidade e descentralização juntas não era possível em um protocolo. Ela joga a escalabilidade pra camada 2 e alivia o número de transações mais leves em camada um. Com isso a camada blockchain se torna uma camada de liquidação final de operações que podem conter todo um sistema econômico dentro delas. Um canal pode fazer milhões de operações em L2 mas em L1 aparece apenas a abertura e o fechamento do canal. Então com o mesmo esforço computacional pra inserir transações no bloco, a rede consegue fazer muito mais.

Conforme mais aplicações em lightning e outras camadas forem criadas, maior a necessidade dessas soluções mais leves, sem que seja preciso passar por camada blockchain, mas ainda assim tendo as garantias de segurança e descentralização dela como base. Assim os mineradores com o mesmo gasto energético para minerar  o bloco conseguem ser mais eficientes e receber mais taxas.

Dessa forma acabou o mito de que os mineradores não vão ficar na rede quando o último satoshi for minerado. A diminuição das taxas da rede Bitcoin não é um problema e não representa nenhum risco à segurança, porque conforme a rede crescer e mais canais forem abertos, mais taxas os mineradores vão receber.

5. Precisa estar sempre online para usar a rede Lightning?

Isso não é mais verdade por causa de uma nova implementação da Lightning, chamada de LNURL, que já está funcionando. Antes desse protocolo, realmente não era possível ter um QR Code estático para pagamentos Lightning. Sempre que um QR Code ou endereço fosse utilizado, não era possível usar de novo, o que obrigava quem ia receber a estar sempre online, para gerar novos QR Codes.

Isso é inviável para um comerciante, por exemplo, porque um vendedor precisar criar um novo QR Code quando receber um novo pagamento é ruim para seu negócio. É como se ele precisasse trocar a chave Pix sempre que fosse receber algum dinheiro. De qualquer forma, o LNURL transformou o uso da rede Lightning em algo fácil e simples, permitindo o uso de apenas um QR Code, por tempo ilimitado, offline.

A arquitetura da rede bitcoin é descentralizada e a rede lightning é mais uma camada nessa teia global, digital e distribuída que é o bitcoin. Ainda tem muito pra ser melhorado e desenvolvido, mas essa é justamente a oportunidade de ser um early adopter, aqueles que chegam primeiro. Por isso a importância de começar hoje! A gente te mostra os caminhos e te ensina a investir em bitcoin e entender a rede lightning do básico ao avançado no Bitcoin Starter, nosso treinamento completo com mais de 100 aulas gravadas e aulas ao vivo pra tirar dúvidas diretamente com a gente.

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Até mais e opt out!

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Carol Souza

Carol é uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil. Ela participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo.

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