O Bitcoin tem atraído a atenção de muitas pessoas por seu potencial de valorização e por sua tecnologia inovadora. No entanto, o Bitcoin também pode falhar em alguns aspectos.

O Bitcoin tem sido uma fortaleza, na qual já superou todos os principais obstáculos desde a sua criação, bem como:

  • os bugs de 2010 e 2013;
  • a queda da Mt.Gox e da FTX;
  • as guerras de forks da época de Bitcoin Cash;
  • Proibições na China, Índia e Russia;
  • Ascensão das altcoins, desviando liquidez.

Entretanto, embora o Bitcoin tenha sobrevivido a tudo isso, se fortalecido e estar cada vez mais próximo de ser uma reserva de valor dos próximos séculos, isso não quer dizer que a vitória está garantida e é só sentar e esperar.

Então, como podemos estar preparados para o pior e ainda torcer pelo melhor? O que poderia fazer bitcoin desaparecer?

É, eu sei! Pensar no fim do Bitcoin é aterrorizante pra qualquer bitcoiner. Parece que toda a esperança que ainda resta no mundo se esvai, mas esse é um ótimo exercício de abstração para refletir.

Possíveis pontos de falha do Bitcoin

O Bitcoin é uma das criptomoedas mais populares do mundo, com uma capitalização de mercado que ultrapassa a casa dos trilhões de dólares.

No entanto, o Bitcoin não é imune a possíveis pontos de falha que podem afetar seu funcionamento e segurança.

Nesta discussão, exploraremos alguns dos possíveis pontos de falha do Bitcoin, incluindo falhas de segurança, descentralização e escalabilidade.

Falhas de segurança

As falhas de segurança são um dos principais pontos de vulnerabilidade do Bitcoin. Embora a tecnologia subjacente ao Bitcoin, a blockchain, seja altamente segura, existem alguns pontos de entrada para ataques maliciosos.

Geralmente as falhas possíveis são a quebra da criptografia do Bitcoin com computadores quânticos e ataques de 51%.

Quebra de criptografia com computadores quânticos

Quebrar a criptografia do bitcoin não é algo simples.

Bitcoin usa criptografia de Chave Pública e privada que usa um algoritmo chamado SHA256, além de Geradores de números aleatórios (RNGs), Funções de hash, e Assinaturas digitais da curva elíptica (ECDSA).

A base é a SHA-256, porque cria uma sequência de 256 bits — uma série de 256 zeros e uns. Isso contribui para um número absurdamente alto de combinações possíveis, são mais números que a quantidade de átomos no universo observável!

Portanto, são mecanismos de geração de dados onde é fácil verificar se a informação está correta, mas é difícil encontrar aleatoriamente a resposta.

Ou seja, é muito dificil simplesmente adivinhar uma chave privada usando força bruta quando um computador através de zilhões de tentativas consegue encontrar as chaves privadas de um endereço específico.

Assim, isso é extremamente difícil e exigiria um número de tentativas tão grande que um computador normal levaria bilhões de anos para conseguir encontrar uma determinada chave privada.

De fato, é tão improvável que tem a mesma probabilidade de ganhar na loteria não apenas uma vez, mas 9 vezes seguidas!

Computador Quântico

É aí que surge a história do computador quântico.

Pois só um mega computador com uma capacidade computacional absurda conseguiria fazer esse tipo de coisa.

Essa é uma das grandes esperanças dos haters do Bitcoin.

Entretanto, os computadores quânticos não seriam uma ameaça tão grande porque se eles conseguirem quebrar a criptografia do Bitcoin, vários setores de segurança nacional, bancos, aviões e até setores críticos de países também ficariam expostos e em risco.

E além do mais, caso um computador quântico surgisse, Bitcoin pode ser atualizado para uma criptografia quantum resistente.

Assim, apesar dessa ser uma possibilidade, a realidade é que ainda estamos longe de ver computadores quânticos como uma ameaça real.

Ataque de 51%

Um ataque de 51% poderia ocorrer se alguém obtivesse poder computacional superior a 51% do hashrate atual e passasse a monopolizar a emissão de novos blocos.

Entretanto, esse tipo de ataque é extremamente difícil de ser realizado, pois exigiria uma grande quantidade de recursos, como a compra em massa de máquinas ASICs, que são usadas para minerar bitcoin, e uma fonte de energia gigantesca.

Além disso, essa operação exigiria uma logística enorme e não poderia ser realizada rapidamente.

Para se ter uma ideia, seria necessário gastar cerca de 63 bilhões de dólares para reverter apenas um único bloco em um gasto duplo. Mesmo assim, esse tipo de ataque seria facilmente detectável, pois exigiria a compra de praticamente todas as ASICs disponíveis no mercado, chamando a atenção de muitas pessoas.

Além de tudo isso, o Bitcoin alcançou uma taxa de duzentos e sessenta quintilhões de hashes por segundo, o que torna esse tipo de ataque ainda mais difícil.

O poder de processamento do Bitcoin é cerca de 500 vezes mais poderoso do que o computador mais potente existente hoje. Se um ataque de 51% fosse tentado, os nós (nodes) da rede poderiam optar por não aceitar os blocos minerados pelo atacante, criando um hard fork na rede.

Por isso, fazer um ataque de 51% é considerado extremamente difícil e complexo.

Para afetar a segurança do bitcoin só acontecendo um cataclisma no planeta e na atmosfera! Inclusive, vários criptógrafos conhecidos como Nick Szabo e Ralph Merkle (o inventor de Merkle Trees), alegaram que o Bitcoin sobreviveria inclusive a uma guerra nuclear.

Falha na descentralização

Atualmente, o Bitcoin é considerado a única rede verdadeiramente descentralizada, pois não há uma única entidade centralizando o poder de decisão nas atualizações do protocolo.

Os nós (nodes) da rede são fáceis de serem executados por qualquer pessoa, não há centralização do hash rate e não há como impedir que alguém utilize a rede.

Apesar da existência de pools de mineração, esses pools não controlam as máquinas que produzem efetivamente o poder computacional.

Essas máquinas estão distribuídas em todo o mundo e podem migrar facilmente de um pool para outro. Os pools não controlam o hardware e, na verdade, os mineradores podem produzir hashes por conta própria, sem precisar estar conectados a nenhum pool.

Inclusive, uma nova atualização do software de mineração, chamada Stratum V2, foi lançada para ajudar a acabar com esse FUD da centralização dos pools de mineração, que na verdade é apenas uma desculpa usada por shitcoiner para desviar a liquidez do Bitcoin para sua shutcoin favorita.

Ataque à descentralização por parte dos governos

Uma maneira de atacar a descentralização do Bitcoin seria através da proibição governamental da mineração, do uso como moeda, da manutenção de carteiras offline (hodl) e até mesmo da proibição de executar nodes e de possuir hardware wallets. Isso forçaria as pessoas a usar bancos e exchanges centralizadas, o que enfraqueceria a descentralização do Bitcoin.

Mas apesar desses esforços acontecerem, é muito dificil governos conseguirem controlar 100% do tempo nodes, carteiras, mineradores, moedas e etc.

Bitcoin é P2P e não precisa necessariamente de um participante do sistema fiat.

Assim, qualquer governo que tente proibir, criar regras restritivas ou tentar centralizar o bitcoin está se excluindo da rede Bitcoin e não o contrário.

A regulação excessiva vai forçar bitcoiners a migrarem das juridições mais fechadas. As pessoas simplesmente darão um opt out e irão para outro lugar mais receptivo ao bitcoin.

A proibição ativa o efeito streisand, efeito que torna a proibição um tiro no pé, pois acaba chamando atenção, fazendo com que aquilo que foi proibido seja ainda mais desejado e atrativo do que antes.

A adoção do Bitcoin não acontecer

Em nossa análise, o maior risco do bitcoin falhar é o que poucos dão bola e importância, é ele não ser adotado.

É as pessoas continuarem no sistema atual, perdendo poder de compra por usar moedas que se desvalorizam dia após dia, ou ainda pior, usarem outras moedas que simplesmente recriam o sistema fiat só que com outra roupagem, que é o caso das altcoins.

Altcoins brigam com bitcoin por liquidez, é por isso que muitas se vendem melhores que bitcoin em vários aspectos, quando na verdade não são.

Isso se chama scam de afinidade:

É tipo bitcoin só que mais rápido, mais útil ou mais estável.

Entretanto, a boa notícia é que os incentivos do Bitcoin estão apontados para a adoção.

A escassez programada e os choques de oferta criam aumento de demanda cíclicos e isso não tem como ser modificado.

Outras moedas fiat ou cripto não tem as mesmas propriedades e por isso tendem a cair uma a uma com o passar do tempo.

A rede lightning está resolvendo escalabilidade e permitindo que bitcoin seja enviado e recebido na velocidade de um relâmpago e isso acabou com a maior parte das críticas de escalabilidade.

Como matar o Bitcoin em definitivo?

A única maneira de “matar” o Bitcoin seria destruir todos os nós que hospedam cópias da blockchain. No entanto, mesmo que apenas um nó honesto sobreviva, a rede pode continuar crescendo e criando novas cópias a partir dele.

Isso significa que é extremamente difícil destruir completamente o Bitcoin, pois a rede é distribuída globalmente e não depende de um único ponto central de falha.

Existem dezenas de milhares de nós que hospedam cópias da blockchain Bitcoin desde o bloco genesis, espalhados por todo o mundo. Além disso, existem iniciativas, como o projeto Blockstream Satellite, que disponibiliza dados da blockchain do Bitcoin via satélite, tornando a rede ainda mais resistente a possíveis ataques.

Portanto, para matar o Bitcoin todas essas cópias teriam que ser extintas, em solo e na atmosfera! Se uma guerra nuclear, um asteróide ou uma hecatombe acontecer, a humanidade provavelmente seria destruída, sobrando apenas as baratas e o Bitcoin.

Então, qual é a real ameaça que pode fazer o Bitcoin falhar ou morrer?

A única ameça real, de verdade mesmo, para o Bitcoin seriam os Bancos Centrais e governos fazerem um bom trabalho, não imprimirem dinheiro e não desvalorizarem a própria moeda.

Se eles fizessem isso as pessoas não teriam motivo algum para recorrer ao bitcoin e talvez Satoshi Nakamoto nem teria lançado o whitepaper em 2008.

Porém, na verdade, a gente está cada vez mais distante dessa possibilidade.

No mundo todo a inflação está alta e as impressoras seguem funcionando. Governos não irão abrir mão das suas impressoras e é por isso que o bitcoin tende a ser adotado, pois as pessoas irão, por necessidade ou curiosidade, buscar formas de se proteger.

Bitcoin irá se manter o mesmo

A grande diferença é que cada pessoa vai adotar bitcoin na velocidade do seu entendimento e no preço que merece.

Quem desdenhar, especular ou proibir vai pagar mais caro pela lição.

É muito dificil encontrar críticas bem fundamentadas ao bitcoin sobre as possibilidades reais de ele acabar.

Muitas coisas podem dar errado com o Bitcoin, afinal, estamos apenas no começo do processo de adoção. Porém, muitas outras coisas podem dar certo e já estão dando certo porque o Bitcoin foi feito para durar e é exatamente o que ele está fazendo.

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Até a próxima e opt out.
Carol Souza

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Carol Souza

Carol é uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil. Ela participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo.

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