A mentalidade Fiat e a mentalidade Bitcoin representam abordagens distintas em relação ao dinheiro e ao sistema financeiro.

Enquanto a mentalidade Fiat confia na autoridade central e na moeda fiduciária, a mentalidade Bitcoin busca a descentralização e a autonomia financeira por meio da criptomoeda e da tecnologia blockchain.

Essas mentalidades refletem debates sobre o futuro das finanças e a adoção de soluções financeiras inovadoras e disruptivas.

O mundo hoje vive na mentalidade da escassez. Portanto, existe uma programação mental que é feita através do dinheiro que direciona você para uma mentalidade totalmente limitada e autodestrutiva. Como consequência, você trabalha cada vez mais, não tem tempo e energia para nada e mesmo assim não sai do lugar.

É a verdadeira roda dos ratos!

A roda dos ratos do dinheiro fiat

Na educação financeira, a “roda dos ratos” é uma metáfora para descrever uma situação em que uma pessoa está presa em um ciclo de viver salário a salário, trabalhando incansavelmente, mas incapaz de progredir financeiramente ou alcançar a segurança financeira. Esse conceito é frequentemente usado para destacar a importância de estratégias de economia, investimento e geração de renda passiva.

Roda dos ratos (Trabalha, Ganha dinheiro, Paga contas, Sem dinheiro)

O termo ficou conhecido pelo livro “Pai Rico, Pai Pobre” de Robert Kiyosaki. No livro, Kiyosaki argumenta que a educação financeira é a chave para sair da “roda dos ratos”. Assim, ele sugere que em vez de apenas trabalhar para ganhar dinheiro, as pessoas devem aprender a fazer o dinheiro trabalhar para elas, por exemplo, através de investimentos e negócios próprios.

Qual é o seu modelo mental?

Para entender o impacto do dinheiro em sua mente, é necessário compreender previamente o modelo mental que você adota, ou seja, o mindset configurado em seu cérebro.

Existem dois sistemas financeiros opostos que operam simultaneamente, e o sistema que você utiliza determina em qual mundo você vive e como enxerga a realidade. Toda essa programação mental é influenciada pelo dinheiro, pois ele determina não apenas sua sobrevivência e prosperidade, mas também a forma como você pensa.

Dinheiro fiduciário

O dinheiro que a maioria das pessoas utiliza é criado por um Banco Central e é conhecido como dinheiro fiduciário.

A palavra “fiduciário” vem do latim “faça-se”, e refere-se a um dinheiro que foi criado por decreto, estabelecendo seu valor de cima para baixo. Governos decidiram o que seria considerado dinheiro ou não.

No passado, no entanto, o dinheiro era escolhido pela sociedade e adotado de forma natural, sem a imposição de decretos sobre o que seria ou não dinheiro. Conchas, sal, ouro foram usados como dinheiro ao longo da história, e somente nos últimos 200 anos os países decidiram unilateralmente determinar o que seria considerado dinheiro.

É, eu sei! Isso parece papo de nerd conspiratório, mas foi a partir desse momento, o dinheiro perdeu muitas de suas propriedades originais e começou a influenciar o comportamento de várias gerações.

Estamos vivendo a aceleração do colapso desse tipo de dinheiro e desse modelo mental, ancorado na mentalidade da escassez.

Dinheiro Fiat e a Mentalidade da Escassez

O dinheiro fiat, dos Bancos Centrais, vale cada vez menos.

Você já deve ter percebido como os preços de tudo estão aumentando e os salários não conseguem acompanhar esse encarecimento. Assim, quando ocorre um reajuste salarial, geralmente ele já está defasado há muito tempo. Isso acontece porque os governos imprimem dinheiro em uma velocidade maior do que as pessoas conseguem produzir, resultando na desvalorização de toda a moeda que já estava em circulação.

Portanto, se o seu salário não acompanha mais a subida de preços, o que você vai fazer inconscientemente é trabalhar mais, ou seja, fazer um bico, achar alguma renda extra pra complementar a perda do poder de compra que você teve. Logo, as pessoas estão trabalhando cada vez mais para ter menos poder de compra do que no passado.

O exemplo disso é que os baby boomers, pessoas que nasceram nos anos 50/60, aos 30 anos já tinham casa e carro próprios. Hoje, aos 30 anos, as pessoas trabalham muito e não conseguem adquirir seus próprios bens. Elas trabalham cada vez mais e vivem apenas para pagar boletos.

A inflação

A maioria das pessoas não percebe que a inflação é uma espécie de roubo de tempo. Quando os governos imprimem dinheiro, eles estão diluindo o tempo de trabalho de todos. Assim, o dinheiro que você recebeu por trabalhar no último mês ou ano tem seu valor diminuído. Isso compromete a produtividade de toda a população ao diluir a moeda!

Além disso, isso afeta o seu jeito de pensar e você nem percebe.

Imagine que o dinheiro fiduciário (real, dólar, moeda comum) derrete como um cubo de gelo. Assim que você o recebe, é necessário gastá-lo rapidamente antes que seu valor se desvalorize.

Em economias com hiperinflação, esse efeito é ainda mais perceptível. As pessoas correm para gastar logo no dia do pagamento, pois alguns dias depois o salário já não consegue comprar mais nada.

Em economias que não estão passando por hiperinflação, esse efeito ocorre em uma velocidade mais lenta e é pouco percebido. Assim, o que você acaba percebendo é a cultura do consumismo e do endividamento.

Você é constantemente incentivado a gastar e se endividar o tempo todo!

E você gasta e se endivida porque “se não for assim, você não conseguirá conquistar nada”. Essa é uma característica clássica das famílias brasileiras.

É por isso que o cartão de crédito se tornou tão popular. O sistema fiduciário te obriga a comprometer o futuro para obter algo no presente, afinal, no presente você já não consegue comprar muita coisa. Porém, no futuro, é provável que você esteja mais pobre, pois seu salário não acompanhará a desvalorização da moeda.

Alta preferência temporal

Isso é o que chamamos de alta preferência temporal. Você se torna imediatista e recebe tantos estímulos para consumir que não consegue mais adiar a recompensa.

Todo comportamento desequilibrado envolve a incapacidade de resistir aos impulsos do presente e acaba comprometendo o futuro, seja no aspecto financeiro ou até mesmo na alimentação saudável.

Portanto, aqueles que optam por consumir alimentos industrializados com frequência acabam ingerindo uma quantidade maior de conservantes e produtos químicos prejudiciais ao corpo. Esses alimentos geralmente são saborosos e proporcionam uma explosão imediata de dopamina, mas a longo prazo causam danos permanentes.

A mesma coisa acontece com o dinheiro.

Você se endivida porque há muitos estímulos para isso. Lojas de roupas, construção, eletrodomésticos, todas se transformaram em instituições financeiras e tentam te convencer a obter um cartão de crédito para que você possa ajustar a fatura ao seu orçamento. Porém, na verdade, isso é um empréstimo! Tudo se transformou em serviços financeiros em um mantra pró-endividamento.

É por isso também que as pessoas começaram a aprender a investir, desejando se tornar traders e ganhar dinheiro com operações. Afinal, apenas poupar dinheiro fiduciário não adianta, pois ele se desvaloriza rapidamente. As pessoas foram obrigadas a aprender a investir e buscar preservar seu poder de compra de alguma forma.

O dinheiro fiat obriga todos a se tornarem investidores, a assumir algum tipo de risco, em vez de serem poupadores.

Investimentos tradicionais

Lembra-se de quando as pessoas costumavam enterrar ouro? Esse era o comportamento de poupar daquela época, pois o ouro não se desvaloriza como o dinheiro fiduciário.

Por outro lado, se você enterrar reais, quando você for usá-los, eles não terão mais valor. É por isso que as pessoas investem em ativos que pagam juros, para compensar a desvalorização do dinheiro.

Entretanto, o Tesouro Selic, ações, FIIs e títulos em geral também sofrem desvalorização frente à inflação, porém em uma velocidade consideravelmente mais lenta do que o dinheiro em si. Isso ocorre porque nem sempre esses investimentos acompanham os índices de inflação e muitas vezes ficam abaixo da taxa inflacionária, como ocorreu no ano de 2021.

Não existia, até pouco tempo atrás, uma constante, um dinheiro que não pudesse ser diluído com a criação de novas unidades. Até o ouro segue tendo novas jazidas descobertas e inflacionando. Os investimentos tradicionais conseguiram por um tempo preservar o valor do dinheiro, mas com a aceleração do processo inflacionário e a impressão de dinheiro por Bancos Centrais, eles também acabam falhando nisso.

No fim das contas, mesmo que você acumule seu tempo de trabalho em ativos que pagam juros, os juros também não acompanham a diluição causada pelas impressoras governamentais. Portanto, mesmo aqueles que buscaram soluções dentro da mentalidade fiat, essas soluções tendem a falhar ao longo do tempo devido à destruição de valor.

Dinheiro é a nossa régua de medir valor

Se o dinheiro pode ter seu valor diluído através da inflação monetária, é como usar uma régua que encolhe. É como tentar medir uma mesa e a régua ir encolhendo até sumir da sua mão. Em algum momento, você não será capaz de medir mais nada. O dinheiro fiat faz com que você meça mal as coisas e perca tempo de vida trabalhando cada vez mais, aproveitando cada vez menos a vida.

Como diria Jeff Booth:

“dinheiro abundante acaba criando escassez para todo o restante do sistema”.

Em outras palavras, se o dinheiro pode ser impresso, ele se torna infinito, enquanto todo o resto se torna escasso. E quando tudo o mais se torna escasso, tende a ser mais valioso do que o seu dinheiro. Além disso, se você dedica cada vez mais tempo para adquirir mais dinheiro, ocorre a diluição do valor do dinheiro por meio da inflação, tornando a inflação uma forma de roubo de tempo e valor.

Portanto, o resultado disso é a mentalidade do medo, da escassez e da corrupção.

Porque quando o dinheiro sofre desvalorização, as pessoas são estimuladas a fazer qualquer coisa para obtê-lo. Um dinheiro com incentivos distorcidos acaba corrompendo a ética e o caráter daqueles que o utilizam, transformando-se em um mecanismo endêmico na população. Surge o “jeitinho brasileiro”, o famoso “toma lá, dá cá”. É uma mentalidade de crescimento a todo custo, na qual os fins justificam os meios, mesmo que isso prejudique outras pessoas.

Bitcoin e a mentalidade da abundância

Uma pessoa no topo do mundo, alcançando o Bitcoin

Existe um sistema oposto a tudo isso e que proporciona a mentalidade oposta: o Bitcoin.

Escassez

O Bitcoin é escasso, limitado a 21 milhões de unidades, e isso é considerado escassez por muitas pessoas. À primeira vista, pode parecer limitante, no sentido de não permitir crescimento, mas na realidade é exatamente o oposto.

Devido à sua escassez e imutabilidade, o Bitcoin tende a se valorizar com o tempo.

Você preferiria ter um dinheiro que se valoriza, permitindo que você compre cada vez mais coisas, ou um dinheiro que se desvaloriza e eventualmente perde todo o seu valor?

Tenho certeza de que você escolheria o dinheiro que se valoriza. E é exatamente essa valorização crescente que o Bitcoin tem apresentado desde o seu surgimento.

Valorização do Bitcoin

Se o seu dinheiro se valoriza com o tempo, uma mentalidade diferente começa a ser desenvolvida. Você vai pensar duas vezes antes de gastar, afinal, se você segurar aquele dinheiro, com o tempo você poderá comprar muito mais coisas com ele.

Portanto, você começa a planejar o futuro, começa a pensar a longo prazo e a ter mais responsabilidade, afinal você não quer desperdiçar essa coisa valiosa que você já tem.

Percebe como muda toda a cascata mental na tomada de decisão?

Baixa preferência temporal

Essa mentalidade estimula o que chamamos de baixa preferência temporal. Você acaba preferindo seguir caminhos que proporcionem mais benefícios no longo prazo. O valor que você escolher gastar acaba tendo foco no crescimento, visando obter maiores vantagens.

Naturalmente, você deixa de desperdiçar seu tempo de trabalho com coisas fúteis, sem valor ou que não tragam benefícios positivos.

Esse mecanismo invertido conduz a sua mente a tomar melhores decisões, a ter auto responsabilidade, autogestão, se desenvolver e se comprometer com o futuro.

Bitcoin estimula a poupança e não a gastança. Muitos economistas acham que isso pode ser ruim, que pode travar o crescimento, mas a própria condição humana conduz a gastos mínimos com alimentação, por exemplo. As pessoas não vão parar de consumir, vão apenas consumir de forma mais consciente.

Ganho de tempo

Outro efeito secundário é justamente no ganho de tempo.

Se você tem um dinheiro que tende a se valorizar e a crescer o seu poder de compra, quer dizer que você precisará trabalhar menos para ter cada vez mais poder de compra, certo? Percebe como é exatamente o oposto das moedas fiat?

Isso ocorre porque Bitcoin é estável, ou seja, 1 Bitcoin é igual a 1 Bitcoin. Nunca antes na história existiu uma unidade de medida tão precisa e constante.

É como uma medida mesmo. Assim como 1 metro é sempre um metro, um quilo é sempre um quilo e um Bitcoin é sempre um Bitcoin.

Bitcoin revoluciona o dinheiro porque é a primeira constante financeira, algo que nunca existiu antes. Ao contrário do dólar, do real, do ouro, que são variáveis devido à oferta desses produtos financeiros, o Bitcoin possui uma oferta fixa e imutável.

Por ser uma constante, o Bitcoin tende a se tornar uma medida para as demais coisas do mundo. Enquanto tudo pode ser expandido, o Bitcoin permanece escasso em relação ao todo, o que resulta na desvalorização de todas as outras coisas em comparação com ele, tornando-as cada vez mais baratas.

Ao observar uma linha do tempo de longo prazo, é possível perceber que tudo eventualmente colapsará em relação ao Bitcoin.

Podemos observar isso facilmente nos gráficos.

Comparação do Bitcoin com ouro, ações, petróleo e mais

Abaixo está o ouro precificado em Bitcoin:

Ouro precificado em Bitcoin

E abaixo estão as ações precificadas em Bitcoin:

S&P500 precificado em Bitcoin

E agora a carne precificada em Bitcoin:

Carne precificada em Bitcoin

O petróleo precificado em Bitcoin:

Petróleo precificado em Bitcoin (Gráfico)

E o famoso big mac precificado em Bitcoin:

Gráfico do Big Mac precificado em Bitcoin

Parecem todas a mesma imagem, não é mesmo? Mas não são! Isso mostra como Bitcoin é uma constante e tudo derrete em relação a ele.

Como esse é um processo lento, a gente não percebe o que de fato está acontecendo!

Como diria Jeff Booth:

“Dinheiro escasso cria abundância para todo o restante do sistema”.

Ou seja, ao trabalhar e acumular Bitcoin, você experimentará uma maior abundância financeira, física e mental. Isso ocorre porque você estará aumentando seu poder de compra e terá mais tempo disponível para se dedicar a atividades que lhe trazem bem-estar e têm valor para você.

Conclusão

Aquela roda dos ratos se inverte com o Bitcoin, permitindo que você trabalhe cada vez menos e ainda mantenha seu poder de compra. Isso ocorre porque você passa a planejar mais o futuro e deixa de ter um consumismo compulsivo.

Em vez disso, você se concentra em adquirir produtos de qualidade, já que gastar valiosos satoshis em um produto ruim seria um grande desperdício.

Como consequência, toda a indústria é estimulada a aumentar a qualidade de produtos e alimentos. Quando as pessoas possuem um maior poder de compra, a competição deixa de ser baseada apenas no preço e passa a ser baseada na qualidade.

Essa inversão vai contra o que existe hoje em dia, onde muitos produtos são considerados “baratos” e totalmente descartáveis. Se algo estraga, simplesmente é jogado fora, sem que valha a pena consertar. Isso é diferente dos produtos de antigamente, que eram duráveis e feitos para durar uma vida inteira, como as geladeiras dos anos 90, por exemplo.

É uma mudança de comportamento tão profunda que é de fato o oposto do que estamos acostumados.

É por isso que a mentalidade do dinheiro fiat é da escassez e a mentalidade do Bitcoin conduz para a abundância.

O Bitcoin muda uma chave mental que conduz para melhores decisões, mais construtivas e que trazem mais prosperidade. Afinal, crescimento e prosperidade significam ganhar tempo. Bitcoin facilita o ganho de tempo, porque te tira da areia movediça fiat.

Essas são algumas reflexões sobre como Bitcoin destrava uma vida mais abundante.

Esperamos que esse texto te ajude a refletir e inspire você nas suas escolhas.

Não deixe de compartilhá-lo e até a próxima! Opt Out!

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Carol Souza

Carol é uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil. Ela participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo.

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