O processo de criação de novas unidades de bitcoin é muito parecido com a busca por ouro, daí vem o conceito de mineração do bitcoin. Mas diferente do ouro, a mineração de btc não tem jazida, não tem escavação de terra fazendo buracos enormes no solo, nem mesmo o processo manual de busca pela pedra preciosa. É tudo feito por computadores super potentes.

Como funciona a mineração de bitcoin

Como comentamos, no ouro os mineradores ficam cavando a jazida até encontrar o metal precioso. Já na rede bitcoin os mineradores tentam encontrar o hash do bloco por tentativa e erro até encontrar a combinação correta e fechar cada bloco de informação. Esses blocos de cálculos resolvidos são enfileirados de maneira que um bloco de informação fica atrelado ao bloco seguinte, é o chamado blockchain.

Depois de encontrada a resposta correta os mineradores apresentam o cálculo, o bloco fechado, para toda a rede verificar se está tudo certo. Se estiver tudo ok, a rede segue adiante adicionando o próximo bloco nessa corrente de informações. Esse processo todo é chamado de proof of work, onde toda a rede acompanha os cálculos de cada bloco e verifica se a conta tá certa e não houve trapaça. É assim que uma blockchain atinge o consenso sobre o que é processado na rede.

O minerador que fechar o bloco primeiro recebe bitcoin como recompensa. Hoje essa recompensa é de 6,25 bitcoin por bloco e a cada quatro anos essa recompensa é cortada pela metade, num evento chamado halving, fazendo com que entre menos bitcoins no mercado.

Mineradores e nodes de bitcoin

A lógica da rede bitcoin funciona como montar um quebra-cabeça. Existem 2 tipos de participantes: os mineradores e os nodes. Os mineradores são os  participantes que catam as peças do quebra cabeça e tentam formar a imagem do jogo e os nodes são aquela tia metida que fica dando pitaco pra ver se você pegou a peça certa. Quando o minerador encontra a peça que faltava é muito fácil todo mundo perceber, é só olhar a imagem e ver se peça era correta ou não. É um mecanismo bastante transparente e todo mundo acompanha em tempo real os resultados.

A gente trouxe o exemplo do quebra cabeça porque o bitcoin utiliza justamente a teoria dos jogos. A rede inteira compete pra chegar primeiro no resultado matemático e receber bitcoin antes que eles acabem. Os mineradores estão correndo contra o tempo. Isso porque existe um número limite de bitcoin que a rede pode criar: 21 milhões de unidades.

Em 14 anos da rede bitcoin, mais de 90% da oferta já foi criada. A largada da rede foi o momento mais importante e mais rentável para os mineradores receberem btc. O início de uma blockchain é o período mais vulnerável, a rede precisava se fortalecer e descentralizar o máximo possível. Por isso que no inicio do bitcoin, de 2009 a 2013, qualquer pessoa com um computador de casa, um CPU como esse da foto, poderia minerar e receber muitos bitcoin por isso.

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CPU usado para minerar bitcoin no início da rede

Era fácil minerar, qualquer pessoa com um computador podia participar do processamento e receber bitcoin como prêmio. Só que depois que a rede amadureceu e mais participantes entraram, a dificuldade desses cálculos também aumentou. É o famoso ajuste de dificuldade que acontece em média a cada 2 semanas. Isso quer dizer que quanto mais participantes, mais computadores competindo para resolver os blocos.

O que é o ajuste de dificuldade?

A rede bitcoin ajusta a dificuldade dos cálculos de acordo com o número de participantes. Se a rede esvaziar e pouca gente estiver disposta a participar, o algorítimo ajusta os cálculos pra pegar leve com o pessoal e conseguir fechar os blocos no tempo previsto de 10 minutos por bloco. Então o ajuste de dificuldade implica no quanto de poder computacional (também chamado hashrate) os mineradores vão precisar para calcular cada bloco. A gente tem percebido que esse poder computacional está cada vez mais alto, olha só:

Aumento do poder computacional na rede bitcoin
Aumento do poder computacional na rede bitcoin

Um hashrate mais alto tem algumas implicações: a primeira é que a rede se torna mais segura. Para atacar uma rede com hashrate alto precisa ter máquinas muito potentes e muita energia, o que fica cada vez mais difícil conforme a rede cresce. Com o tempo os computadores precisaram de mais poder computacional para fazer cálculos mais complexos e isso exige máquinas mais potentes e um gasto maior de energia elétrica. É por isso que com o tempo, quem usava computador caseiro (CPU) precisou comprar placas de vídeo dedicadas (GPUs, como da foto abaixo) pra minerar bitcoin.

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GPU que era usadas para minerar bitcoin

Depois de um tempo, essas GPU também começaram a não serem suficientes para fazer esses cálculos, pois foram ficando cada vez mais difíceis. Assim toda uma indústria de mineração se criou ao redor do bitcoin e máquinas específicas foram desenvolvidas para esse fim: as ASICs.

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ASIC usada para minerar bitcoin hoje em dia

Uma ASIC é o sonho de consumo de muitos bitcoiners e são necessárias várias dessas máquinas para ter um poder computacional forte o suficiente para competir com o restante da rede e garantir bitcoin. Essas máquinas ficam geralmente em galpões gigantescos com milhares uma ao lado da outra, trabalhando dia e noite fazendo mineração.

Vale a pena minerar bitcoin no Brasil?

A mineração de bitcoin hoje é uma super indústria, pois minerar requer um investimento pesado em estrutura. São necessárias máquinas específicas (ASICs), além de um ambiente refrigerado para não haver super aquecimento, manutenção e gerenciamento de custos de energia elétrica.

No Brasil é difícil encontrar quem minere bitcoin por causa do alto custo de energia elétrica que temos no país. Geralmente os mineradores montam sua base em países com energia elétrica abundante e barata, como é o caso do Paraguai, ou em lugares gelados onde não é necessário usar refrigeradores para resfriar as máquinas, o que já seria um custo a menos, como é o caso da Islândia. Também tem regiões que incentivam a mineração, como no Texas (EUA).

Pode-se dizer que no Brasil não vale a pena minerar bitcoin. Porém, se você tem dinheiro pra bancar esse alto custo fiat e paciência para holdar e esperar o bitcoin valorizar nas próximas décadas, talvez esse DCA sem KYC possa valer a pena. É preciso calcular, botar na ponta do lápis e ver se faz sentido pra você.

Os mineradores podem roubar os bitcoin pra eles?

Isso seria o maior tiro no pé para os mineradores e, de novo, a teoria dos jogos aparece pra colocar lógica na coisa.

A rede bitcoin foi criada para que todos os participantes colaborem entre si e que sejam recompensados por proteger e rodar a rede. Por isso, qualquer ação contrária ou é sem efeito ou acaba não valendo a pena para o revoltado de plantão.

Os mineradores são dependentes da rede bitcoin. Portanto, são os últimos interessados a mudar o funcionamento, porque impactaria nas recompensas deles.

Inclusive, se um minerador começar a dar a louca, os outros mineradores vão começar a invalidar os dados processados pelo surtado.

A maioria dos mineradores tem interesse em proteger a rede por que se a rede começar a dar pau, o próprio bitcoin perderá seu valor e o trabalho dos mineradores acaba. A rede Bitcoin utiliza da teoria dos jogos para rodar e para incentivar os mineradores a serem guardiões da rede e sempre protegerem o seu ganha pão. Além disso, qualquer movimento suspeito é imediatamente detectado pelos nodes e comunicado a rede. Assim como encaixar uma peça de outro jogo no quebra cabeça, aquela tia que fica só olhando e conferindo vai avisar todo mundo que você está roubando.

Esses nodes são rodados por pessoas ao redor do mundo todo e inclusive você pode rodar do seu computador de casa. Você não recebe bitcoin como recompensa por rodar um node como os mineradores recebem, mas você tem o poder de monitorar a rede, de ser a tia dedo duro caso alguém resolva roubar no jogo. São esses nodes que garantem a descentralização e ajudam a proteger da rede Bitcoin.

Mercado de mineração evoluiu

A não ser que você queira investir em uma mega fazenda de mineração em outro país e focar nisso, minerar bitcoin com poucos recursos no Brasil e sem entender esses detalhes técnicos não vale a pena.

Não adianta se iludir, esse mercado já está bastante evoluído e não é mais só coisa de nerd onde é só plugar seu computador e fazer rios de dinheiro. É um mercado cada vez mais avançado e profissionalizado. Minerar virou mega business e até já tem ações de mineradoras de Bitcoin na NASDAQ.

Do nosso ponto de vista, se o seu foco é aproveitar as subidas exponenciais do bitcoin a resposta é simples: aprenda a investir em bitcoin e a guardar pro longo prazo com segurança para que você possa usufruir do padrão bitcoin no futuro. A gente te ajuda a entender tudo sobre bitcoin, mineração, como comprar e como guardar no Bitcoin Starter, o curso mais completo sobre o assunto e bem avaliado por mais de 3 mil alunos. Te esperamos na turma.

Até mais e opt out,
Carol Souza

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Carol Souza

Carol é uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil. Ela participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo.

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